sábado, 26 de maio de 2007


"Minha dor é uma dama
de negro,
vagueando entre antigas colunas.
Coberta da cabeça aos pés e
guardando em tule preto,
enormes olhos cinzentos que
não descansam nunca.
Fitando a todos e pretendendo
o belo.
Sinto seus dedos frios
por baixo de finas luvas.
Insistente senhora,
diz ter vindo para ficar.
Como pode ser assim?
Vulgar,de mil facetas.
Levando a vida em um quase sorriso."
Imagem de Remédios Varo

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Poemas Perdidos

Ontem,a caminho do trabalho,perdi uma pasta com todos os poemas que escrevi.Alguns lembro de cabeça,outros não.Cartas não enviadas,desabafos,palavras soltas.E o que mais me preocupou foi, QUEM será que os encontrou?O que fará com anos de confissões, impressões?Uma velha maldita e mal- humorada?Uma bicha-brega-fã-da-Joelma?Ai!!!!!! Espero que meus poemas secretos caiam em mãos corretas.Mãos que sofreram as mesmas dúvidas e angústias que as minhas.Será que serão guardados por anos e anos?Lidos e relidos,por alguém que desejará profundamente conhecer o autor de versos tão peculiares?Ou apenas jogados numa lata de lixo qualquer,como corpos desovados e indigentes?É melhor eu parar de pensar no assunto.É.Assunto encerrado.São Longuinho,São Longuinho,se eu achar dou cem pulinhos.Eu prometo.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

TEMPOS ESTRANHOS


Tempos estranhos,
enquanto caminho na estrada e o vento traz
o cheiro das flores que morreram na primavera passada.
Tempos estranhos, sem lua.
As horas lentas, passando...
Enquanto na janela, choro vendo a cidade seguir.
Estranha, sem aquelas flores...
Choro na janela enquanto você dorme seu sono de anjo.
Um dia acreditei na posteridade
e vejo você ali.
Eu sou sua posteridade.
E estou assim, sem o tempo, o vento, as flores .
Sem lua
Tempos estranhos, mas você pode dormir...
Eu estou aqui!

Para meu avô Elias


Fotografia de Bungo Saito